sexta-feira, 2 de março de 2012

O ARTISTA

"The artist"

O filme francês "O artista", que conquistou os óscares, competindo com obras como o último Scorcese, é um objecto estranho. Por mais voltas que se dê, não se percebe a razão do favoritismo.

Quando a moda de "tingir" os clássicos a preto e branco parece se ter instalado na indústria americana, na tentativa de revender os antigos êxitos, como mais recentemente está a acontecer com o 3D, "O artista" não é a cores, nem é falado. Tudo características para passar abaixo dos sensores do público médio.

Aliás, a história tem a ver com o "realismo" que falta ao protagonista, grande vedeta do mudo, para se adaptar ao sonoro. A questão é tratada como um movimento do orgulho. O actor identificou-se de tal modo com a técnica que corresponder à nova procura  lhe parece uma traição aos seus princípios ( um dos lados por onde se podia abordar a polémica gerada pelo Acordo Ortográfico é precisamente esse; mas, neste caso, é preciso não esquecer, que não existe nenhum tipo de inovação ou de necessidade linguística para o Acordo, que parece ser apenas ditado por más razões políticas).

O abandono pelo público, leva Valentin (Jean Dujardin), depois de uma tentativa de suicídio, a abraçar a sua nova 'persona'. No cinema, o caso de John Gilbert atesta de que nem sempre o artista supera esse passo com êxito.

Tudo somado, tenho de concordar com a opinião de um dos nossos críticos de cinema, que diz que os óscares do filme de Hazanavicius se devem a uma perfeita engrenagem de 'marketing'.

O que nos leva a uma outra questão: o que é que as técnicas modernas não nos conseguirão vender? Não é só o cinema que é uma ilusão. Os mais consagrados lugares da "crítica" também o são.

1 comentários:

Anónimo disse...

Não perca o Le Havre e Uma Separação.
Fantásticos.
Ainda não vi O Artista.

Maria Helena