segunda-feira, 26 de setembro de 2011

OS NOVOS LUDDISTAS




"Será você um luddista? Sabe de alguém que o seja? Alguém que esteja farto da tecnologia e resista ao seu domínio sobre as nossas vidas quotidianas, mesmo se de um modo discreto, evitando os computadores e os jogos de vídeo, o vaivém diário do automóvel, ou o telemóvel?"


"Against Technology" (Steven E. Jones)



Ned Ludd foi um operário têxtil inglês do início do século XIX que destruiu o seu tear, (segundo uns) num ataque de fúria, tornando-se  o símbolo duma luta emocional e desesperada contra o progresso do maquinismo.

Assim postas as coisas, poder-se-ia dizer que as gerações mais velhas são luddistas à sua maneira. E nas empresas todos aqueles que "resistem à mudança" são potenciais luddistas, tudo dependendo de estarem em condições de ceder a um ataque de fúria.

Mas, nos nossos tempos, está também muito espalhado o medo da tecnologia se desenvolver contra nós. Começando por ser um "prolongamento dos nossos órgãos", como diria McLuhan, a bem-vinda prótese artificial para nos fazer descolar do planeta ou de condições tidas como humilhantes, teme-se que sejamos nós um dia a prótese da nossa criação. Isto, claro, já não é apenas emoção, embora toda uma vertente do cinema moderno explore esse medo. E começou por ser literário um dos mitos mais reveladores: Frankenstein.

Marx não teve qualquer simpatia pelos "coup de tête" luddistas. Ele julgava ter a chave do problema da dominação tecnológica. O poder, ao substituir o objectivo do lucro pelo da satisfação das necessidades sociais, encontraria o limite natural e racional para o desenvolvimento da tecnologia.

E, como desejo, este programa é pacífico. Só se torna funesto quando o poder toma os desejos por realidade. Nessa altura, os ataques de fúria são muito menos mortíferos.

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