quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

PERSÉFONE


Deméter e Perséfone


“E se ele acorda, então dizem-lhe
que durma e  sonhe.
E ele morre e passa dum dia para o outro.
Inspira os dias, leva os dias
para o meio da eternidade, e Deus ajuda
a amarga beleza desses dias.
Até que Deus é destruído pelo extremo exercício
da beleza.”

“Lugar” (Herberto Helder)


O amor entre dois sonos. Donde vem esta ideia da mulher que vigia o sono do amado, como se só ela pudesse, sem se perder, ter um pé em dois mundos? O mundo do humano, de cuja forma ela é a guardiã como de uma casa ou de um templo, e o da natureza que nunca lhe é completamente estranha e muito menos coisa a conquistar.

É Perséfone, a rainha do labirinto e do mundo subterrâneo, onde a morte se converte em vida como as sementes.

E depois essa ideia de Deus como uma cápsula que se abandona para se ser um só com a viagem…

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