quarta-feira, 7 de maio de 2008

QUEM TOMA CONTA


Harold Pinter

Um velho vagabundo (Donald Pleasance) é levado por Aston (Robert Shaw), um homem tranquilo e de poucas palavras, a casa deste por causa dum par de sapatos.

Acaba por passar a viver ali, sendo-lhe confiada a guarda do prédio, vigiando as escadas e limpando os metais.

Aston confessa-lhe ter sido operado ao cérebro, contra a sua vontade, devido a uma doença psíquica e que a própria mãe o traiu nessa altura.

Tem um irmão mais novo (Alan Bates) que é o proprietário da casa e que se compraz no jogo do gato e do rato com o vagabundo.

Aston tem um projecto, sempre adiado, de construir um barraco no quintal, para o que diz ter habilidade manual. Só essa ideia o separa do regresso ao hospital, para se vingar ou ser internado definitivamente.

Uma noite em que fez mais ruído a dormir, o vagabundo é posto na rua.

O filme acaba com os seus patéticos esforços para reconquistar o tecto, mas Aston volta-lhe as costas, imperturbável.

Donald Pleasance dá-nos um vagabundo magnífico, ingrato e prepotente ao menor sinal de segurança, impondo as suas manias e o mau cheiro que impede o outro de dormir.

O drama de cada um (a raiva mansa de Aston e a quase loucura do irmão mais novo) impede, no final, qualquer solidariedade.

É esta a moral pessimista da peça de Harold Pinter "The Caretaker", que Clive Donner filmou graciosamente, em 1963.

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