sábado, 10 de maio de 2008

O SELVAGEM E A QUEDA


Thomas Hobbes (1588/1679)

"A vida do selvagem era, como Hobbes o disse, "suja, bestial e curta.""

"Ensaios Impopulares" (Bertrand Russell)


Como se sabe, o selvagem era bom e, na sua inocência, completamente feliz.

Se, segundo os nossos padrões de higiene, nos pareceria infecto, era coisa de que não tinha a mínima noção e os deuses estavam sempre por perto para explicar uma epidemia.

Como os animais seria, mas também os compreendia muito melhor do que nós, e a natureza era a sua casa, como já não pode ser no nosso caso.

Por fim, se vivia poucos anos era pouco menos do que eterno, subjectivamente, já que acreditava na reciclagem e na comunidade dos vivos e dos mortos.

O autor do "Leviatã" resume, naquele aforismo, os preconceitos da sua época e o orgulho do homem civilizado.

Paradoxalmente, o mito do bom selvagem parece contradizer esse orgulho pois implica a crença num outro mito: o da Queda.

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