sexta-feira, 16 de maio de 2008

EPPURE SI MUOVE


Galileu enfrentando a Inquisição


"Ora a fé não estava certamente mais implicada no século XVII pelas descobertas da astronomia do que está hoje pelas da física ou da paleontologia. Galileu e os seus juízes não falavam das mesmas coisas: um falava das leis e do mundo físico, os outros não falavam de nada. Por muito intensa que pudesse ser a sua fé, ele não corria, portanto, o risco de traí-la se respondesse o que quer que fosse."

"La foi d'un incroyant" (Francis Jeanson)


Não havia, diz Jeanson, um terreno comum entre a verdade científica e o dogma. Mas o problema é a linguagem induzir nas pessoas a ideia de que as palavras querem sempre dizer alguma coisa.

É claro que a Inquisição temeu que a fé sofresse com os efeitos duma contradição nas palavras, e, nisso, enganou-se miseravelmente.

Galileu que, segundo este autor, fraquejou ao comentar a sua abjuração, como se existisse uma contradição real, parece-me, pelo contrário, ter resumido o melhor possível a situação.

O "Eppure si muove" remete para a teologia o problema de encontrar um outro sentido para as palavras.

0 comentários: