quarta-feira, 16 de maio de 2007

A VERDADE OBJECTIVA


Marco Túlio Cícero (106/43 AC)

"Nas suas Disputas Tusculanas, Cícero considera o conflito que opõe as opiniões dos filósofos acerca de certas matérias, que não nos interessam no contexto presente. E quando chega ao momento de decidir quem tem razão e quem erra, de súbito e de modo muito inesperado, apresenta um critério completamente diferente. Põe de lado a questão da verdade objectiva e diz, perante a escolha entre as opiniões dos pitagóricos e a de Platão: "Por Deus, prefiro mil vezes enganar-me com Platão, a sustentar ideias verdadeiras com essa gente."

"Responsabilidade e Juízo" (Hannah Arendt)


Hannah Arendt, mais adiante, comenta que esta passagem do "aspecto objectivo, daquilo que alguém fez, ao aspecto subjectivo, que considera antes do mais quem foi o agente", a podemos encontrar, "enquanto elemento marginal", dentro do nosso próprio sistema jurídico. Caso de se perdoar, às vezes, um homicida, mas não o seu acto.

Mas tentando compreender a posição de Cícero, é caso para perguntar que valor podemos dar à verdade dita por um louco?

Se uma seita diz ocasionalmente a verdade e um homem como Platão, eventualmente, está errado, no juízo de quem podemos mais confiar?

Também, um erro "platónico" é natural que esteja, de muitas formas directa e indirectamente relacionado com o acerto do filósofo. Porque todos temos uma maneira própria de nos estatelarmos no chão.