segunda-feira, 14 de maio de 2007

O REI NA MERCEARIA


A sagração de Luís XVI

Quando a mercearia de Sauce é invadida pelos populares, em Varennes, quando está enfim descoberta a sua fuga, Luís XVI disse: "Pois bem, sim, sou o vosso rei; eis aqui a rainha e os seus filhos. Conjuramo-vos a que nos trateis com a deferência que os Franceses tiveram pelos seus reis."

E Michelet continua: "Luís XVI não era falador e não disse mais nada. Infelizmente a sua casaca, o seu triste disfarce, pouco pesava a seu favor. Este lacaio, de peruca, pouco lembrava o rei. O terrível contraste desta condição, desta casaca, podia inspirar mais piedade que respeito. Várias pessoas puseram-se a chorar."

"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)


Tudo tinha corrido mal nessa noite. Às portas da cidade, depois de ter falhado o encontro com a escolta que os devia conduzir ao território austríaco, toda a gente na carruagem foi vencida pelo sono, como qualquer família, extenuada por uma aventura. Mas os guardas-nacionais não tardaram a acorrer de todos os lados, enquanto os sinos tocavam a rebate. "Todo o campo tenebroso estava emocionado".

Um rei sagrado em Reims, como todos os seus antepassados, e depois isto, este negociar a sua vida e a dos seus. Era o fim de uma religião.

Os que o julgaram e condenaram, menos de dois anos depois, já não eram capazes de pensar. Se sondássemos os seus corações, só encontraríamos o medo.

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