quarta-feira, 16 de maio de 2007

DA PRÁXIS À PRAXE


Peter Sloterdijk


"Se há um denominador comum para a multiplicidade de crises que dilaceram a consciência contemporânea, poder-se-ia deduzi-lo do segredo de Polichinelo que as catástrofes divulgam: o mito moderno da práxis está a morrer, o activismo ocidental atravessa o seu crepúsculo dos deuses. (.
..) Ele fica a dever a força revolucionária com que se impôs, à autoridade da técnica científica e aos artifícios desta, e a sua atractividade psico-política às vantagens de uma ética de expressão individualista, que assumia que é melhor fazer do que sofrer."

"A Mobilização Infinita" (Peter Sloterdijk)


A práxis já não é então o "último critério da verdade"?

Podemos verificar a volta que levou esta ideia na situação da própria ciência. O submeter de uma teoria a um teste que a ponha à prova, todas as experiências que imaginemos para a confirmar, apenas nos permitem encontrar uma teoria melhor fundada do que outra, sem que, em qualquer caso, possamos dizer que é verdadeira (Popper).

É, pois, claro, que as teorias políticas, estando ainda mais longe da sua "autentificação" pela prática ou por um qualquer juízo da História, só podem aspirar a um simulacro da verdade que, nuns casos se chama de consenso democrático e noutros de linha do partido ou de "vontade" popular.

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