terça-feira, 24 de abril de 2007

ECOS DA BASTILHA


"Quanto mais não fosse por consideração por todo o bem que a senhora duquesa faz em casa e na paróquia, dizia o senhor de Guermantes, é uma infâmia da parte desse quidam reclamar-nos o quer que seja." Mas Jupien tinha-se mantido firme, parecendo desconhecer de todo o "bem" que a duquesa poderia ter feito. No entanto, ela fazia-o, mas, como não se pode estendê-lo a toda a gente, a recordação de ter contentado um era uma razão para se abster em relação a um outro, excitando neste um tanto maior descontentamento ."

"Le côté de Guermantes" (Marcel Proust)


Está aqui, como que recolhido na concha do tempo, um eco da luta de classes.

Os privilégios foram definitivamente julgados pela grande Revolução. Assim, nesta sociedade que ainda sonha com a guilhotina, os ricos procuram desculpar-se através da beneficência.

Mas vemos por que mecanismo a boa-consciência se obtinha a um preço módico.

Os tempos difíceis da emigração estão sempre presentes no espírito dos nobres. Uma reviravolta é sempre possível, e "prudence oblige".

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