segunda-feira, 23 de abril de 2007

A CALMA DOS DEUSES


Paul Valéry em 1940

"Ce toit tranquille, où marchent les colombes,
Entre les pins palpite, entre les tombes;
Midi le juste y compose de feux
La mer, la mer, toujours recommencée!
O récompense après une pensée
Qu' un long regard sur le calme des dieux!"

"Le Cimetière Marin" (Paul Valéry)


Por que é que o meio-dia é justo, como se a justiça já estivesse no céu antes da primeira injustiça?

"Calma dos deuses"..., "paz", isso exprime que as coisas estão em repouso por oposição ao homem que procura, que não encontrou, que pensa no futuro como uma estrada, e que se consome a desintrincar o saber do sonho."

Porque "o sonho exprime o universo total de que o homem é uma parte. O puro contemplativo esquece-se de si; não faz a cisão entre o seu conhecimento do mundo, o eu e a coisa. Este género de conhecimento é o puro olhar." (comentário de Alain)

O que é que acaba no mar e que cemitério é este?

A perpétua mobilidade do mar é o túmulo de toda a forma, a imagem do ser de Parménides.

Daí a recompensa depois de se dar a volta ao objecto do espírito sem poder constitui-lo na permanência.

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