"(...) porque a opressão é invencível durante o tempo em que for útil..."
(Simone Weil)
A pergunta que não pode deixar de ser feita é 'cui bono'? Pode o tirano ser útil e, por isso, invencível? Platão pensava que a tirania era uma espécie de 'cura natural' para os excessos da democracia, até ela mesmo poder ser substituída por um governo mais justo. A sua utopia, como se sabe, era o governo dos filósofos. Mas isso era no tempo em que a filosofia podia abranger todo o saber e em que as várias ciências eram apenas sementes do futuro.
Entretanto, experimentámos a 'Mão Invisível' e o Plano Quinquenal sem nos aproximarmos por pouco que fosse da utopia. O Tirano é hoje 'personificado' pela Economia e pelos economistas austeritários ou simplesmente 'realistas' que invocam as leis do mercado, ou as da globalização, como antes deles se invocava a Natureza ou a Necessidade.
Os Gregos parecem apostados em demonstrar que a opressão deixou de ser útil (que, pelo contrário, mostrou ser contraproducente) e que, portanto, chegou a hora de se tentar uma solução mais justa. No caso, mais 'democrática'.
Nenhum político europeu quer ficar com o ónus da tirania. Schäuble precisa de se apoiar nas instituições da 'União' e na reputação dos Bancos alemães. Como último recurso tem sempre o egoísmo nacional expresso em votos. A tirania só não pode dizer o seu nome.
A tese platónica ganha assim plena actualidade. Aos 'excessos' da economia desregulada e à euforia do crédito dos primeiros tempos sucedem as medidas draconianas impostas pelo poder hegemónico na Europa. Toda a violência da tirania económica foi aplicada no quadro democrático, cada vez mais reduzido a uma carcaça.
Platão não fala num retorno da tirania directamente à democracia. A carcaça está inteira, mas antes do primeiro sopro de vida, virá a oligarquia sob os seus vários disfarces.
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