quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O NEVOEIRO

Parque da Pena

 

Diz-se que Ricardo Strauss comparava o parque da Pena ao jardim de Klingsor, no "Parsifal" (Franz Villiers).

O encanto da Serra de Sintra talvez explique esse desvario. Porque quanto ao palácio e ao parque estamos no reino do puro pastiche. Tive a mesma impressão no famoso Neuchwanstein do mecenas de Wagner. O palco, com o seu jogo de luzes e de sombras, é muito mais sugestivo.

Talvez o próprio Strauss estivesse na altura a ouvir a música e a imaginar a encenação dentro da sua cabeça. Mas quem entrar nesses lugares no estado sóbrio sabe que a sua capacidade de suscitar o mito é grandemente prejudicada por tanta exposição.

O nevoeiro romântico tudo transfigura. E concebo que até as arestas dos móveis sejam feitas de algodão.

Desse estado narcótico passa-se quase sem transição à bebedeira do nacionalismo.

 

 

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