"A falácia do historiador: atribuir as nossas próprias concepções da história e do método histórico a um autor para quem estas concepções são inteiramente desconhecidas e dificilmente compreensíveis."
(Ernst Cassirer, "The myth of the State")
Não podemos recriar a experiência única. Não podemos 'compreendê-la'. Podemos interpretá-la para os nossos próprios fins. No melhor dos casos, sabemos que a nossa intuição é verdadeira, porque 'encarnamos' a pessoa ou pessoas envolvidas, não segundo a vida das pessoas elas próprias. É uma espécie de verdade mediúnica. A verdade dos factos é de outra natureza. É do domínio da organização social.
Jesus disse-o quando mandou devolver a César o que lhe é devido. É a verdade dos factos, da economia, num contexto preciso de poder, que condena o Syriza a vitórias semânticas para não perder a face.
Teresa de Sousa ("O Público") lembra: "Há menos de um ano (o Syriza) era contra a União Europeia, contra o euro, contra a NATO e contra o capitalismo. Para nossa tranquilidade é bom evitar a leitura de alguns discursos recentes de Alexis Tsipras ou do seu mediático ministro das Finanças."
Poderá este volte-face deixar de ter consequências ao nível do moral da equipa governativa?
Mais uma vez, parece estarem em causa duas leituras da realidade política e social, mas na verdade trata-se do poder 'armado de factos' contra uma verdade simbólica que não pode ganhar no mesmo terreno.
A inconsistência dos reformadores só ajuda os novos bárbaros.
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