Jürgen Habermas |
"Elas (as ciências humanas) são abandonadas à dialéctica da libertação e da escravização com menos defesas que as ciências históricas, as quais, pelo menos, dispõem do potencial céptico da relativização histórica, mas, sobretudo, com menos defesas que a Etnologia e a Psicanálise, pois estas movem-se (em Lévi-Strauss e Lacan) ainda assim reflexivamente na selva do inconsciente estrutural e individual."
(Jürgen Habermas, "O Discurso Filosófico da Modernidade")
O conceito biológico de defesa (contra a agressão exterior, mas também contra o próprio dogmatismo, aqui entendido como um processo autístico semelhante ao cancro) aplicado às ciências é novo, parece-me.
O caso das ciências humanas seria um caso de 'movimento perpétuo' desligado do seu contexto. A dialéctica, como se sabe, pode ser auto-suficiente se a 'vontade de poder' o decidir, fazendo-a coincidir com uma pretensa lei histórica. Engels é o mestre deste optimismo que relega toda a espécie de crítica para o 'museu da história'.
Habermas fala num abandono. Como se a força da crítica tivesse, virtuosamente, de ceder a uma paixão 'justificada', a uma paixão nobre. A da justiça, precisamente.
Esse abandono é responsável pelos crimes mais inexpiáveis e, no entanto, merecedores, bem lá no fundo, da nossa vénia.
As ciências 'humanas' são de facto frágeis, porque estão sempre à beira da loucura.
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