segunda-feira, 24 de outubro de 2011

QUI PRO QUO





A presente crise está a fazer compreender a todos o papel do crédito (e da banca) no nosso sistema. Precisamos sempre do futuro nas nossas apostas e nos nossos empreendimentos, e é aí que entram o capital (sem juízos morais) e o risco. Quando os bancos se limitam ao seu papel de instrumento necessário duma economia sã, não é provável que se financiem projectos inviáveis, nem que se empreste a quem não pode pagar. Como os riscos são grandes, é o que eles estão a fazer neste momento, mas só depois de, como diz Jim Stanford (Who's bailing whom? - challenging the private credit-system), "A verdade pura e simples é esta: os bancos privados têm o poder de criar dinheiro novo quando emitem crédito alavancado. Eles usaram dum modo lamentável esse poder: facilitando bolhas de activos em vez duma acumulação real do capital, e sacudindo a economia com o pára-arranca do crédito em vez do estável apoio de que precisamos."

A Banca teve, como é sabido, de ser salva destes desvarios com o esforço dos contribuintes, mas estes não podem, agora, esperar qualquer tipo de reconhecimento. Devem, pelo contrário, esfarrapar-se para reconquistar a confiança deles.

Assim vai o mundo. Os que tinham as alavancas do crédito fizeram dinheiro "com ar e vento" e injectaram as veias da nossa economia com o estimulante perigoso do crédito fácil. Drogaram-nos e não merecem mais benevolência dos que vendem estupefacientes à porta das escolas. Agora que quase deitaram abaixo o salão de jogo, querem que nos desintoxiquemos de um "dia para o outro".

E de que é que se têm de queixar os contribuintes alemães (e outros) da "ajuda" à Grécia ou a Portugal? " Não é a Grécia e outros estados fracos que estão a ser "salvos" (bailed out). São os bancos que emprestaram dinheiro a esses países. Se fosse só o incumprimento da Grécia, isso já teria acontecido há dois anos. É por temerem o colapso dos bancos em França e na Alemanha e noutros lugares - causando o congelamento do crédito e a depressão continental - que correm os altos funcionários tentando prevení-lo." (ibidem)



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