sexta-feira, 14 de outubro de 2011

HÚBRIS

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"Pitágoras, superior de mosteiro, foi um homem muito diferente de Tales, menos errante, mais político, com os olhos menos voltados para o mar indócil, mais vezes para os astros, ao ponto de saber adivinhar que a terra é esférica. Tendo medido alguns intervalos dos astros, e também os intervalos dos sons por meio do monocórdio, e sabendo profundamente que os números se formam e se combinam segundo leis que nada consegue inflectir, precipitou-se  a declarar que tudo é número. E fez bem em precipitar-se, porque ainda hoje, quando se tem mil razões para o dizer, como ele o entendia, neste sentido que toda a desordem se faz segundo o Espírito, hoje esta verdade se apaga ainda diante do testemunho dos sentidos, desde que a força afirmativa do legislador se deixe vencer."

"Abrégés pour les aveugles" (Alain)




Nada de novo nos tempos que correm, com a crise que nos cai em cima. Quando Pitágoras vivia, a crise não se tinha tornado na espécie de destino que hoje é. Podíamos até chamar a isto uma ficção politeísta, porque está à vista de todos que foi a loucura de alguns ao nível do planeta e os "buracos" criados por outros loucos cá de casa que provocaram esta situação, mas os "legisladores" da Europa e do país tiraram desse facto as consequências mais vantajosas para a sua casta e para os "loucos" que estão por detrás deles, tornando-se os idólatras da crise. Porque eles não querem (nem podem com a sua mentalidade) vencer a crise. A crise dá-lhes poder e cria em todo o lado o "Estado de excepção". É ver como alguns economistas, de vários jaezes, vêm a público profetizar, inebriados, como os velhos generais com o anúncio da guerra.

Toda a desordem política e social vem dos homens e só deles. Bastava um pouco da sabedoria pitagórica para haver mais justiça, que é outra noção que tem a ver com a música e o tempo justo, e com os astros e as suas "leis inflexíveis".

A maioria dos homens não tem poder suficiente para provocar a desordem. Salazar sonhava com um povo assim, ordeiro e trabalhador, mas não precisava de o privar da liberdade. Era só preciso que a lei e os juízes contivessem os tiranetes enlouquecidos pelo dinheiro.

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