quinta-feira, 6 de março de 2008

ODISSEIA


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"É a revolução do quotidiano que ganha corpo, após as revoluções económicas e políticas dos séculos XVIII e XIX, após a revolução artística na charneira do século actual. O homem moderno encontra-se doravante aberto às novidades, apto a mudar sem resistência de modo de vida, tornou-se cinético: "o consumo de massa significava que se aceitava, no importante domínio do modo de vida, a ideia da mudança social e de transformação pessoal.""

"A Era do Vazio" (Gilles Lipovetsky)


O "homo cineticus" move-se num meio ele próprio em movimento.

E isso está a acontecer-nos sem que o tivéssemos programado ou sequer sonhado. Os nossos sonhos tinham como objecto um mundo que evoluía segundo leis explicáveis pela ciência e em que as nossas decisões conscientes, os nossos planos dariam forma ao futuro.

Sonhávamos com um mundo melhor, mas o mundo tornou-se complexo de mais para o podermos comparar com a sua forma pretérita. O mundo, de facto, não chega a ser objecto do nosso pensamento. Não há nenhuma totalidade que possamos definir como o nosso mundo.

Este é o Mediterrâneo de Ulisses em que as rotas se tornam inconsequentes e Ítaca não mais do que um estado mental.

O consumo de massa, mais insidiosamente ainda na sua vertente não-cultural, com todos os seus efeitos ao nível do habitus e da mentalidade, é um poderoso medium. Tanto mais poderoso e revolucionário quanto mais invisível e inexpressivo.

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