terça-feira, 11 de março de 2008

A EXPRESSÃO DO NADA


Cordoaria (José Ames)


"Democratização sem precedentes da palavra; cada um de nós é incitado a telefonar para o emissor, cada um de nós pretende dizer alguma coisa da sua experiência íntima, tornar-se locutor e ser ouvido. Mas passa-se aqui o mesmo que com os graffiti nas paredes da escola ou entre os inúmeros grupos artísticos: quanto mais os indivíduos se exprimem menos há que dizer, quanto mais se solicita a subjectividade, mais anónimo e vazio o efeito se revela."

"A Era do Vazio" (Gilles Lipovetsky)


É daí que vem, talvez, a extraordinária tolerância para com o vandalismo urbano. A arte moderna pulverizou todas as referências a um saber técnico e a um dom da natureza. As pessoas, perante o monumento garatujado, estão divididas entre considerar o facto como uma falta de civismo ou uma manifestação do direito à expressão.

E é patente que as palavras, que indiciavam ainda uma permanência no político, deram lugar à simples marcação do território.

Ao demandar-se assim a subjectividade, não podemos deixar de encontrar os limites do indivíduo.

1 comentários:

Porfirio Silva disse...

Penso que pode ser do interesse dos leitores deste blogue o Ciclo de Conferências "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais". Informação disponível no sítio do Ciclo de Conferências .