sábado, 8 de março de 2008

BARÓMETROS


Coolie descansando

"É inegável que um tal grupo ocioso (leisured group) produzirá uma muito maior proporção de bons vivants do que de académicos e de funcionários públicos e que os primeiros chocarão a consciência pública com o seu conspícuo desperdício. Mas esse desperdício é em todo o lado o preço da liberdade; e seria difícil sustentar que o nível pelo qual o consumo do mais ocioso dos ociosos ricos é julgado desperdício e objectável é realmente diferente daquele pelo qual o consumo das massas Americanas será julgado pelo felá egípcio ou o coolie chinês."

"The Constitution of Liberty" (Friedrich Hayek)


O problema de se achar a extrema desigualdade como um preço natural é que desarma qualquer tentativa de a corrigir mesmo sem sacrifício da liberdade.

O autor diria que são mais os prejuízos do que as vantagens duma tal correcção, por necessitar de um reforço do poder público. Mas se o estado de guerra e o perigo da segurança podem justificar, temporariamente, esse reforço, também é certo que a desigualdade, em certas circunstâncias, pode tornar-se uma ameaça à paz.

De resto, o sentido em relação à questão da desigualdade e a sensibilidade quanto à existência duma classe ociosa são muito diferentes de nação para nação.

Não se pode negar, porém, que uma tal classe favoreça, eventualmente, o surgimento duma elite cultural e que, na Europa, "o efeito combinado da inflação e dos impostos quase completamente destruiu o antigo e impediu o advento de um novo grupo ocioso".

Nem está provado que, numa perspectiva puramente darwinista, a desigualdade não faça parte duma estratégia eficaz para o mais rápido desenvolvimento da sociedade humana.

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