domingo, 24 de junho de 2007

A VIRTUDE RESTRITA


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"Ninguém que tenha passado a sua vida entre celerados e sem conhecer mais ninguém poderá ter conceito algum de virtude."

Kant (citado por Hannah Arendt em "Responsabilidade e Juízo")


Hannah Arendt diz que Kant só queria dizer que, nesta matéria, o espírito humano é guiado pelos exemplos.

A ser assim, é também de admitir que exista um ponto crítico nas sociedades, a partir do qual determinado conceito de virtude perderá toda a validade por os costumes o terem esvaziado e a própria sociedade se ter tornado "celerada".

No entanto, e como diz Alain, até numa sociedade de ladrões vigora algum princípio de justiça, sem o que se destruiriam uns aos outros.

E "o ladrão reconhece as leis da propriedade, e deseja até ser protegido por elas, limitando-se a abrir, em benefício próprio, uma excepção temporária na observâncias daquelas."

A virtude (a arete dos Gregos) de um grupo (de guerreiros ou aristocratas) é o princípio da sua verdadeira força, mas ela é completamente estranha ao que chamamos humanismo.

É provável ainda que a "justiça", nessa acepção, funcione como um princípio de selecção natural. Só sobrevivem as sociedades que souberem adoptar algum tipo de virtude.

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