quinta-feira, 7 de junho de 2007

O ACONTECIMENTO BRANQUEADO


Jean Baudrillard (1929/2007)


"Tudo quanto nos é oferecido pelas novas tecnologias são imagens em que mergulhamos com a possibilidade de as modificar. Como é possível pensar que se possa entrar numa imagem vídeo para se fazer dela o que se quiser, e que existam ainda factos, acontecimentos, valores, que possam resistir a esta imersão electrónica? Tudo irá parar a esse verdadeiro submersível de isolamento sensorial que são os ecrãs e as redes de comunicação."

"O paroxista indiferente" (Jean Baudrillard)


Baudrillard diz ainda que a situação é já a de "querermos provar que morremos entre 1940 e1945, em Auschwitz ou em Hiroshima", mas que todo o "acontecimento se afasta definitivamente de nós através dos próprios meios para o recordar."

O branqueamento de que acusa os nossos arquivos e a memória celebrada pelo cinema e a televisão não é o mesmo processo que nos permite viver depois do acontecimento traumático e da situação-limite?

A nossa própria infância se encontra "branqueada" na memória adulta e aqueles artistas que a conseguem recuperar, através da memória involuntária ou seja do que for, têm acesso ao verdadeiro filão da criatividade, mesmo se arriscam a "loucura".

Se a educação se encontra cada vez mais dependente dos media, é de crer que algo como uma "desintoxicação" se torna necessário para não perdermos de todo o contacto com o mundo real e não ficarmos desarmados de vez perante o negacionismo.

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