Alain (1868/1951)
"No mundo pré-moderno, o ritual não era o produto de ideias religiosas: pelo contrário, estas ideias foram o produto do ritual."
(Walter Burkert, citado por Karen Armstrong in 'The case for God')
Dir-se-ia que encontramos nos diversos rituais, cívicos ou religiosos, uma ordem (artificial), uma sequência de gestos e... a total superfluidade do pensamento activo.
O filósofo Alain gostava de citar a 'sabedoria jesuítica' que primeiro exigia do contumaz, da 'ovelha tresmalhada, a genuflexão, e só depois admitia o seu arrependimento. Não há aqui palavras desnecessárias, mas um gesto, igual a todos os outros de uma norma, de um rito consagrado que dispensa de todo a justificação, como um hábito que cobre toda a cerimónia. O que é pensar nestas circunstâncias?
O que parece mais polémico é que esta seja a fonte de algumas (de todas?) deias religiosas. A esta luz, podemos compreender todo o alcance de um dogma e a sua natureza essencialmente colectiva.
Custa-nos a admitir que estes fenómenos de um 'espírito gregário' mereçam o belo nome de ideias. Ideias que a cultura individualista nos habituou a considerar 'livres'.
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