quinta-feira, 1 de setembro de 2016

DE SALSICHAS E MOSTARDA

Hitler e Rohm

Para a "noite das facas longas" dos "Malditos", diz-se que Visconti fez substituir as salsichas austríacas, demasiado cor-de-rosa, na estalagem de Unterach am Altersee, pelas suas congéneres, mais pálidas e historicamente mais autênticas, vindas directamente da Baviera ("Luchino Visconti, Les Feux de la passsion" de Laurence Schifano).

Não seria eu a aperceber-me duma tonalidade falsa dos comestíveis durante o travesti alcoolizado dos soldados de Rohm. Acreditamos que o espírito dum filme como esse não passa por pormenores tão comezinhos e quase ridículos.
Visconti não pensava assim.

Embora, essa questão de honra a propósito da autenticidade dum detalhe pareça não se justificar pela obra, justifica-se plenamente pelo homem, tal como no-lo dão a conhecer os que com ele privaram.

Coisas como esse supérfluo, esse rigor extravagante são talvez o que permite ao cineasta o que se poderia chamar de ética da inspiração.

O gratuito não existe aqui, e a única proporção é a do génio.
Afinal, que tamanho tem um grão de mostarda?

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