"A cidade em si nasce exactamente quando o 'medium' para a partilha da soberania e para a rivalidade entre os pares se torna discurso."
(Jacques Taminiaux)
Pode concluir-se que onde a soberania não é naturalmente disputada (mesmo que apenas potencialmente), como seria o caso de um patriarcado em que todos os problemas de sucessão tivessem uma solução do tipo religioso, a cidade, isto é, a política, não teria condições para existir.
Ora, a evolução da sociedade tecnológica parece encaminhar-nos para algo de muito diferente da cidade e da política. Razão que tornaria desde logo compreensíveis fenómenos como a radical indiferença perante o político e o sucesso de demagogos que exploram essa indiferença.
O 'Big Brother', que foi uma obsessão, umas décadas atrás, no tempo da 'co-existência pacífica', está a ser experimentado a uma escala cada vez maior, através da 'novilíngua' da tecnologia, mas sem um 'Brother' identificável.
Aquilo a que os profetas do 'Anti-Édipo' chamaram de 'corpo sem órgãos' é uma possível antevisão do que se está a passar. E a ideia de um 'capitalismo esquizofrénico' não envelheceu de todo.
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