segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O JESUÍTA


Execution of Mennonites


"O Dever Moral, disse-me ele, é menos claramente imperativo do que no-lo ensinam os nossos Éticos. Que os cafés teosóficos e as cervejarias kantianas fiquem com a sua, nós ignoramos deploravelmente a natureza do Bem."

"La Prisonnière" (Marcel Proust)


Assim falava Brichot, o catedrático, antes de se prestar à manobra da Patroa que precisava que ele entretivesse o barão, enquanto ela desferia o traiçoeiro golpe junto do protegido de Charlus. Brichot inclui este "serviço" na casuística mundana, ao mesmo tempo que desvaloriza o filósofo de Königsberg, por germânico e platonizante.

Zangar-se com Mme Verdurin estava fora de questão, dada a necessidade que, nos dias da velhice, sentia por esse ersatz duma família que era o salão. É apenas retórica a sua ponderação ética. Por muito que simpatize com o pobre Charlus, tão enamorado pelo violinista, os seus próprios afectos estão primeiro. Mas, ao contrário duma pessoa mais simples que teria sentido o remorso e seguido em frente, o velho professor teoriza como um jesuíta.

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