sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O COMO E O PORQUÊ

Isaac Newton (1643/1727)


"Na ciência astronómica, procurai o objecto e não a prova; então compreendereis o que queria exprimir Newton quando dizia: 'eu não faço hipóteses'. O facto é que a sua famosa invenção é apenas uma melhor descrição disto, que a Lua gira à volta da Terra. Ele diz como ela gira, o que ninguém antes dele tinha sabido dizer tão bem. Diz como e do porquê ele troça."

"Vigiles de l'esprit" (Alain)


Cá está outro exemplo da "psicologia exterior". Não devíamos procurar a causa secreta do fenómeno ou a sua essência, mas descrever o melhor possível o que se apresenta.

Ocorre-nos logo dizer, contra Newton, que ele partiu duma hipótese, duma teoria, ou dum preconceito. E descartaríamos como positivista a ideia da descrição. Mas isto só é assim porque nos iludimos quanto à nossa capacidade de descrever. Julgamos que a perfeita descrição pode dispensar a compreensão.

Na verdade, a descrição exige mais e mais descrição e o porquê está por detrás dessa busca interminável. O como não chega.

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