terça-feira, 17 de junho de 2008

CONVERSÕES



"Plutarco apoiava-se em Zenão para lembrar que é um sinal de progresso deixar de sonhar que se tem prazer em acções desonestas. Invocava as pessoas que têm força suficiente durante a vigília para combater as paixões e resistir-lhes mas que à noite, "libertando-se das opiniões e das leis", deixam de ter vergonha: desperta então neles o que possuem de imoral e de licencioso."

"O Cuidado de Si" (Michel Foucault)


Aquilo que haveria de ser uma grande oportunidade para a psicanálise, o filão dos sonhos que revelam a ambivalência moral daquele que consegue expulsar as "desonestidades" no seu comportamento desperto, para o autor das "Vidas Paralelas", no século II, era algo de misterioso e que escapava ao poder dos homens.

A ideia de Freud foi a de conceber na parte censurada uma energia tal que não pudesse sempre ser convertida em sonhos e se tivesse de "exprimir" também nos sintomas da doença.

A sua audaciosa dedução foi a que os sonhos deviam guardar algum eco desse conflito sob a forma de "uma história mal contada".

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