quinta-feira, 3 de abril de 2008

O OLHAR DA ÁGUIA


La Grande Armée en 1807


"Eu cri então que a guerra estava declarada. Desde há muito tempo que não estava habituado a um tom desses. Nem tinha o habito de me deixar ultrapassar! Podia marchar sobre a Rússia à cabeça do resto da Europa, a empresa era popular, a causa europeia; era o último esforço que restava fazer à França. Os seus destinos, o do novo sistema europeu estavam no fim da luta. A Rússia era o último recurso da Inglaterra; a paz do globo estava na Rússia, e o sucesso não podia estar em dúvida. Parti; todavia, chegado à fronteira, eu, a quem a Rússia tinha declarado guerra retirando o seu embaixador, julguei dever enviar o meu (Lauriston) ao imperador Alexandre em Vilna; foi recusado, e a guerra começou."

"Mémorial de Sainte-Hélène" (Emmanuel de La Cases)



Assim começou uma guerra devastadora, com uma "desinteligência": "A França censurava à Rússia a violação do sistema continental. A Rússia exigia uma indemnização pelo duque de Oldemburg e erguia outras pretensões." (Ibidem)

Alguém já disse que um chapéu impõe certos pensamentos, pela sua forma e o seu peso. Desde a coroação, Buonaparte só podia pensar em grande. Veja-se como dá de barato o último esforço dos Franceses e como uma nota do embaixador russo é considerada uma insolência. Ele, Napoleão, não estava habituado a esse tom.

Para explicar que razões tão fúteis tivessem estado na origem da destruição da Grande Armée, nas estepes geladas, ele diz que: "não há pequenos acontecimentos para as nações e os soberanos: são eles que governam os seus destinos."

Na verdade, o pensamento imperial é que estabelece a importância das coisas em função dos seus desígnios.

Mas estamos no século XIX e o império tem de esconder-se sob o eufemismo do "novo sistema europeu".

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