segunda-feira, 14 de abril de 2008

O CINEMA PURO


Antonin Artaud (1896/1948)


"As imagens nascem, deduzem-se umas das outras enquanto imagens, impõem uma síntese objectiva mais penetrante do que não importa qual abstracção, criam mundos que não pedem nada. Mas deste jogo puro de aparências, desta espécie de transubstanciação de elementos, nasce uma linguagem inorgânica que emociona o espírito por osmose e sem nenhuma espécie de transposição nas palavras."

Antonin Artaud (K, nº 1-2 consacré à Antonin Artaud)


E Artaud conclui que os filmes mais perfeitos seriam aqueles em que reinasse um certo humor, como nos "Charlots menos humanos", em que a "realidade parece destruir-se a si própria.

Quando, precisamente, o cinema se mostraria como linguagem soberana, que nada devesse às outras. Segundo esta ideia, entrevista durante o período do cinema mudo, até o código narrativo é espúrio.

Pode-se imaginar uma arte visual do movimento, sem palavras e até sem sentido. E é evidentemente no exemplo da música que pensamos, como essa linguagem aparentemente autónoma.

O cinema puro seria para Artaud uma sucessão livre de imagens, com uma única cláusula: deveria de algum modo anular-se. E daí o humor e uma reminiscência da simetria.

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