quinta-feira, 17 de abril de 2008

INTERPASSIVIDADE


Slavoj Zizek


"Neste sentido, o conceito analógico maior de Zizek é sem dúvida o da interpassividade. Ele designa, ao invés da interactividade, esse movimento da subjectividade que consiste em "externalizar" - no computador, no interface, no objecto e mesmo no outro sujeito - não a sua actividade subjectiva, mas o núcleo passivo do seu ser, a sua passividade mais fundamental. Ele permite analisar as novas possibilidades de alienação induzida pelo progresso tecnológico desenhando os limites da pretensão à emancipação do sujeito contemporâneo."

"Slavoj Zizek, un philosophe inclassable" (François Théron)


O conceito de alienação, através do marxismo, ao criar, concomitantemente, a ideia duma autenticidade de que seríamos privados pela alienação operou, na frente psicológica, a personalização que o consumo à la carte realizou na sociedade de massas.

À medida que a nossa actividade é influenciada pela tecnologia, essa autenticidade parece-se cada vez mais com um estado pretensamente natural.

Se pensarmos no que a passividade de que fala o filósofo esloveno quer realmente dizer, encontraremos a velha ideia do homem enquanto objecto. Desde o joguete do destino à presa das suas próprias paixões, o passado é rico em imagens dessa passividade.

O que a interpassividade talvez traga de novo é a forma social de nos tornarmos objectos das nossas próprias máquinas.

A emancipação possível seria, pois, em relação à própria tecnologia. Tem sete vidas a utopia do bom selvagem!

2 comentários:

Unknown disse...

Caro José Ames,
Gostaria de citar esse trecho de Théron em um ensaio que escrevo. Preciso de informações acerca da obra, tais quais edição, editora e ano, além da página em que se encontra o trecho. Sou brasileiro e não encontro o livro por aqui, tampouco em pdf para fazer o download. Se puderes me ajudar nisso também, agradeço desde já : )

José Ames disse...

François Théron, «Slavoj Zizek. Un philosophe Inclassable», dans Le Nouvel Observateur, hors-série n° 57, décembre 2004/janvier 2005, p. 50.