segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O MASSACRE DA TEORIA


Relatividade (M.C. Escher)



 
“A única liberdade possível é a do espírito que julga, e não há outra liberdade política a não ser essa. Daí a posição de Alain sobre a questão da educação cívica, a qual abrange a questão da finalidade da educação em geral. Esta posição resume-se em dois conceitos: obediência física e resistência intelectual. “Eu ensino a obediência”, e este ensino é necessário uma vez que o poder é necessário. Mas obedecer ao poder não obriga a respeitá-lo. O poder não deve ser amado, mas julgado permanentemente. Tal é a vocação do cidadão.”

Phillipe Foray (Alain et l'Éducation)


Como é que nos extraviámos tanto nos caminhos da educação? 

Para Alain, aquele que aprende o sentido destas duas palavras: é necessário, já sabe muito.

Mas a magia tem avançado muito na nossa sociedade. A última coisa que se aprende é o sentido da necessidade exterior ( a do mundo das coisas e a do mundo dos homens). Pelo contrário, ensinamos que tudo é gratuito e vivemos numa placenta de marketing que nos quer convencer ( e aos mais novos convence facilmente ) de que o mundo existe para adivinhar o nosso prazer. Assim prolongamos a infância e ensinamos a desobediência. 

Outra ideia de Alain: Vós dizeis que é preciso conhecer a criança para a instruir; mas não é verdade; eu diria antes que é preciso instruí-la para a conhecer.”

Realmente, o que está na base deste preconceito é uma teoria dos direitos, desligada da ética, e nisto se enquadra o direito de ter uma opinião, mesmo absurda, como se isso fizesse parte da dignidade pessoal. Tudo isto desaguou no pântano do “politicamente correcto”.

Outra coisa: o método, tão em voga, de aprender fazendo tem o inconveniente de não se poder aplicar à teoria, que é o nervo das grandes descobertas (como é que, fazendo, alguém chegaria a: E=mc2?). 

Mas a teoria, como tudo o que não diverte e apraz à primeira vista é um “massacre”, como disse um estudante de Física. É muito melhor aprender a Física como um jogo de computador.

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