quinta-feira, 17 de maio de 2012

NÊMESIS

Egas Moniz (Estação de S. Bento)


Não sei que lição se pode extrair do facto da nossa história como nação independente ter começado com uma promessa não cumprida.

Afonso Henriques, depois de prender a mãe e o amante desta, é cercado em Guimarães pelo primo castelhano, a quem se vê obrigado a prestar vassalagem, aconselhado pelo célebre Egas Moniz. Mas esse estado de coisas, visivelmente, não agradava a Deus, que tomou finalmente partido pelo português no chamado milagre de Campo de Ourique. O nosso Afonso declara a independência e coloca-se sob a protecção do papa.

A quebra da promessa não foi tomada com ligeireza pelo velho aio. Partiu com a família para a corte vizinha, de corda ao pescoço, para que o rei de Castela dispusesse das suas vidas. Sabe-se que Afonso VII se comoveu com a estocada simbólica dirigida à sua magnanimidade e ambos os povos se pouparam uma guerra inútil.

O velho Egas tomou sobre si a falta do jovem rei (era um tempo em que o poder não tinha ainda sido devidamente esclarecido sobre a sua natureza pelo grande Maquiavel).

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A coisa mais natural do mundo é, para os Gregos, tirarem a cabeça do cepo e romperem com as promessas feitas à Troika. Para além do resto, estão justificados pela quebra duma outra promessa  de que pouco se fala, que é a dos sacrifícios impostos pela troika lhes permitirem voltar a ser um país normal, escapando a uma agonia prolongada.

O problema é que a autonomia é hoje um sonho "romântico" e que a Nêmesis, que os Gregos conhecem bem,  parece trabalhar agora para "os mercados".


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