sexta-feira, 25 de maio de 2012

ESPELHOS

mattesonart.com

"(...) o que há de deplorável nas teorias modernas do comportamento não é que sejam falsas, é que se podem tornar verdadeiras, é que são, de facto, a melhor conceptualuzação possível de certas tendências evidentes da sociedade moderna."

(Hannah Arendt)



Se se pudesse governar por sondagem instantânea (e estamos perto disso, com o 'Facebook', por exemplo), de modo a que não tivéssemos tempo de ser influenciados pelos outros, atingiríamos, paradoxalmente, o grau zero da democracia, porque tal significaria a morte das ideias e da discussão à volta delas. A democracia sempre precisou da palavra e nenhum 'like' de Zuckerberg a poderá substituir.

Ora, enquanto consumidores, já há muito tempo que somos monitorizados, de tal modo que se se pode dizer que se o 'marketing' nos condiciona, mesmo ao nível do subliminar, também é nosso o 'retrato-robot' que serve de ponto de partida. O nosso comportamento baliza e é objecto de uma experiência de verdadeira 'engenharia social'. O consumidor é o facto (e o feito) que confirma a 'ciência do comportamento'.

A imagem do espelho e no espelho vêm aqui ao caso. Somos de tal maneira feitos que essa imagem nos surge como um sinónimo da mentira, da mais verosímil das mentiras: mas nunca poderemos coincidir com ela.


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