segunda-feira, 25 de abril de 2011

O CORPO É QUE RESPONDE

(Isócrates, 436–338 AC)


“Porque vocês sabem todos que se Cittus falasse contra o seu patrão, provavelmente sofreria, às mãos dele, para o resto da vida e da forma mais cruel, mas que se se mantivesse nas suas negações, ficaria livre e receberia uma parte do dinheiro que o seu patrão me tinha tomado.”

“Trapeziticus” (Isócrates)



O escravo devia ser chicoteado e torturado até que os juízes se convencessem de que ele dizia a verdade. Perguntava-se (a palavra question (do latim quaestio), é a mesma, em francês, para perguntar e torturar) ao corpo supliciado e este respondia com a verdade.

Por isso é que “A recusa de um patrão acusado em submeter o seu escravo à tortura para testemunhar era usada por um adversário como praticamente uma confissão de culpa.” (nota de George Norlin in “Trapeziticus”)

Este costume parece indicar que se presumia sempre que aquilo a que hoje chamaríamos de sentimento de classe não daria qualquer motivo ao escravo para sofrer pelo seu patrão, para lá do estritamente necessário (porque tinha sempre que convencer o júri, à custa do seu corpo).

Este é o exemplo mais claro possível do que significava ser destituído da cidadania. A um cidadão podia-se pedir um juramento sobre os deuses ou a sua honra. O escravo estava fora de qualquer contrato e não se esperava dele qualquer lealdade.

0 comentários: