sábado, 23 de abril de 2011

ENCRUZILHADAS

Thomas Carlyle (1795/1881)



“Sempre que Carlyle, na sua vida e no seu trabalho posteriores, pregava este novo evangelho do ‘Eterno Sim’ (Everlasting Yea), nunca se esquecia de mencionar o nome de Goethe. Sem este grande exemplo, declarava, não poderia ter encontrado o seu próprio caminho. O ‘Wilhelm Meister’ de Goethe havia-o convencido de que ‘a dúvida, de qualquer espécie, só pode terminar através da acção’. Acção e não pensamento especulativo, ética e não metafísica são o único meio de superar a dúvida e a negação.”

“The Myth of the State” (Ernst Cassirer)



A acção parece fechar caminhos, porque quando, na encruzilhada, se escolhe um, os outros são abandonados ao “que poderia ter sido”. Mas é para abrir outros caminhos em novas encruzilhadas, e a primeira decisão nunca é suficiente. Claro que a acção termina a indecisão com um decreto que suspende todas as indagações.

É por isso que o observador, pela ilusão de tudo está ainda em aberto, quando não se começa nada, ou o que escolheu outro caminho, por ter encontrado uma paisagem diferente, não podem ser bons juízes.

Por outro lado, querer “saber tudo” tem o efeito paradoxal de paralisar a justiça, e esta só se exerce “mostrando o posto”. Nunca se viu um juiz que pudesse prescindir de se rodear dos símbolos do poder para exercer a sua função. Há um abismo entre o tribunal e o espírito da justiça, e não pode ser de outra maneira.

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