segunda-feira, 28 de setembro de 2009

INGLORIOUS BASTERDS




Com Tarantino chega-nos uma versão da história da segunda guerra mundial, tal como poderia ter sido sonhada por um judeu adepto da lei de Talião. Durante as duas horas e meia do filme ficamos pregados à cadeira, nem era preciso dizê-lo. Há, certamente, uma técnica da gestão do espectáculo da violência que redistribui a excitação sem tempos mortos. E acontece que no cinema isso se tornou uma arte com mestres como o autor de "Psico".

Fazer um churrasco da elite nazi, no momento em que o Führer se baba com as atrocidades do soldado-modelo e o reconhecimento do chefe leva Goebbels até às lágrimas, tudo isto quase sem baixas para o lado dos "good guys", parece um daqueles monstros oníricos engendrados pela impotência.

São as implicações morais (mas não moralistas) desta história que nos deixam um travo amargo na boca, depois de olharmos, retrospectivamente, para o gozo de um ajuste de contas imaginário com a História.

Mas é isto tão diferente do que fez Lubitsch com o seu maravilhoso "To be or not to be", ou Chaplin em "The great dictator"?

Há qualquer coisa que faz o filme ficar muito abaixo daqueles dois exemplos. É que com Lubitsch e Chaplin, os que combatem os nazis, em "To be or not to be" precisam, para além de uma sorte incrível, de inteligência e talento, e, no filme de Chaplin, de um milagre da bondade, mas em Tarantino esses combatentes tornam-se objecto do mesmo horror que despertam os figurões do outro lado.


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