sábado, 6 de março de 2010

BELA, GORDA E DOUTA




"Bolonha está entre as cidades mais belas da Itália e da Europa. Não existe cidade que se lhe assemelhe, e que possa substituí-la. É bela pela carga, pela abundância das cores; e a cor que a satura é prevalentemente o vermelho ou o avermelhado, a mais física, a que mais apela ao corpo e ao sangue humano. Florença é magra, longilínea. Enquanto em Bolonha, os pórticos, os arcos, as cúpulas, tudo faz pensar numa rotundidade carnosa. O próprio dialecto, o sotaque, são abundantes e arredondados. Algumas ruelas medievais do centro aproximam-se da vida real da Idade Média mais do que em qualquer outra cidade com passado arqueológico."

"Viaggio in Italia" (Guido Piovene)


Descrever uma cidade como uma pessoa, dotada de um físico e de um carácter, ainda é a forma mais fácil de tornar sensível o meio humano que ela sobretudo é.

Entre nós Bolonha é quase só o nome dum tratado. Para muitos, até Lisboa ou o Porto são pouco mais do que um clube. Mas só conhecemos verdadeiramente uma cidade quando lhe pudermos atribuir um rosto e um corpo, ao mesmo tempo que uma "mentalidade".

O livro de Piovene faz desfilar diante de nós, ao sabor das suas andanças nos anos cinquenta, uma galeria de personagens vivas que também são cidades. Todas fascinantes e diferentes umas das outras. Como as pessoas.

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