segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A ARTE POLÍTICA



"Mas por que é que a política, que decide do destino dos povos e tem por objecto a justiça, exigiria uma atenção menor do que a arte e a ciência, que têm por objecto o belo e o verdadeiro?"

"L'Enracinement" (Simone Weil)


A política como arte tem uma estreita afinidade, segundo Simone, com a composição simultânea em vários planos que é a "lei da criação artística e que constitui a sua dificuldade".

É claro que a atenção exigida pela "coordenação de todos os planos" não pode ser o critério para se julgar a política, pois, ao contrário do artista, que pode controlar os resultados da sua acção dobre os materiais ou os signos de que se serve, sejam eles o mármore, as cores ou as notas musicais, o político tem de renunciar a esse controle porque se encontra num espaço aberto ao mundo e à interacção humana.

Se a atenção em relação aos fins últimos da política não é, de modo nenhum indiferente, não pode constituir o fundamento ético da acção. Nem seria preciso lembrar que "de boas intenções, está o inferno cheio."

Na política, precisaríamos da imagem que nos é fornecida pelo paganismo em que os deuses intrigam, uns contra os outros, com a humanidade a "pagar as favas".

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