quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A JANGADA DO BOM SENSO


Giovanni Lanfranco
(S. Agostino meditate about mystery of Trinity )


"A história eclesiástica confirma suficientemente estas reflexões. Quando se inicia uma controvérsia, algumas pessoas pretendem sempre prognosticar infalivelmente o resultado. Aquela opinião, dizem, que for mais contrária ao bom senso prevalecerá seguramente, mesmo quando o interesse geral do sistema não exige essa decisão."

"História natural da religião" (David Hume)


O bom senso antes de Copérnico era uma coisa, depois outra. Quem pode dizer que a mitologia grega está mais afastada do bom senso do que o mistério da Trindade?

Se o bom senso for uma espécie de instinto que nos preserva da "loucura" da razão (pois hoje temos que admitir que há vários tipos de racionalidade) e da fuga para o abstracto, na sociedade moderna, ele encontra-se cercado pela abstracção e pela lógica dos sistemas. Como numa jangada, não pode pôr o pé fora do relacionamento humano mais básico sem cair ao fundo.

A teoria dos "Mundos Paralelos", por exemplo, que alguns cientistas defendem com a seriedade dos teólogos ilustra a tese de Hume:

"(...) é assim que um sistema se torna mais absurdo no fim simplesmente por ter sido razoável e filosófico no início." (ibidem)

0 comentários: