segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BASTARDIAS


Luís XIV


"Convenhamos de boa fé que a este respeito a Espanha se ressente ainda de ter estado durante vários séculos sob o domínio dos Mouros, e do comércio de miscigenação que ela manteve depois com eles quase até ao reino dos Reis Católicos; porque é verdade que não sente o bastante a diferença entre um nascimento legítimo e um natural proveniente de duas pessoas livres (celibatárias)."

"Mémoires" (Duc de Saint-Simon)


Disserta o nosso duque sobre as "vantagens e as diferenças" dos bastardos em Espanha. Como todos os títulos se depreciam pela sua generalização, é natural que alguém cioso da sua linhagem e vivendo numa corte onde existia em mais que qualquer outra a paranóia da etiqueta, e apesar do Rei Sol ser contribuinte líquido da bastardia, sentisse, ao atravessar os Pirinéus que deixava para trás a civilização.

Nas questões de precedência e de guardar ou não o chapéu na cabeça, mesmo quando as mulheres não as atiçavam, o duque sabia o suficiente das regras e das marcações que faziam funcionar o carrossel de Versalhes para ser severo perante os rangidos da vaidade ou da anarquia.

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