quarta-feira, 21 de março de 2007

A HORA DA CORUJA


Minerva


"Uma das causas da visão pessimista da história e da cultura, é que o homem se dá conta num momento dado da independência da sua evolução em relação às suas exigências. O indivíduo torna-se então consciente da nulidade do seu esforço, da vaidade de todos os esforços visando a modificar o sentido da história. Substituindo-se a um activismo gerador de todas as espécies de ilusões, a contemplação serena situa as coisas no seu ambiente normal."

"Solitude et Destin" (Emil Cioran)


Este pensamento é crepuscular. A hora em que, segundo Hegel, levanta voo o pássaro de Minerva.

Sendo realista, porque todos os nossos esforços conscientes não podem deixar de ter efeitos imprevisíveis, na mesma medida, aliás, em que, na sua origem, temos de incluir demasiadas coisas que nos ultrapassam, é um pensamento que não poderia ser adoptado como regra universal.

Felizmente que, tirando os sábios, os velhos e os desiludidos, ninguém acredita realmente na subordinação humana ao que os Gregos chamavam de Necessidade.

Por isso, graças a todos os deuses do Olimpo, há um longo caminho de erro e de ilusão a percorrer para que alguns possam chegar àquela conclusão.

Donde, de facto, os nossos esforços podem ser considerados rigorosamente necessários e conformes à razão.

E este outro realismo vai mais longe do que o outro. Só que não é compatível com a enfatuação individual.

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