quarta-feira, 7 de março de 2007

A GRAVIDADE DO PRAZER


Alegoria do Prazer (Raphaël Mengs)

"Não existe nada de tão aborrecido na vida, muito menos no cinema, como o aborrecimento de estar excitado o tempo todo."

Anthony Lowe


Somos feitos de tal maneira que a obsessão pelo prazer é o meio mais seguro de nunca o alcançarmos.

Precisamos dos contrastes, das diferenças de humor e de regime para que as próprias sensações tenham alguma vivacidade.

No sentimento, já há algo de incondicional, constitutivo da personalidade, como se, mesmo sem termos consciência disso, tivéssemos feito um juramento.

O hedonismo tem, pois, que estar acima da pura perseguição do prazer, sendo uma estratégia que procura, também, necessariamente, a distracção, a mudança de objecto, o táctico desinteresse, o repouso e o sono.

Há toda uma economia das forças e do tempo que aproxima o verdadeiro hedonismo da sageza.

E os escravos do aborrecimento são, na verdade, os que confundem o prazer com a dependência do seu cérebro duma permanente excitação.

De facto, não podemos desconhecer a gravidade do prazer, quanto mais não fosse, por conduzir os homens aos fins da Natureza melhor do que a força ou a razão.

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