quinta-feira, 15 de junho de 2006

VERSALHES PARA TODOS



Nada mais ilustrativo do carácter da democracia do que ver os príncipes das Astúrias responder aos jornalistas, sobre o Mundial de Futebol.

Os príncipes mostraram-se sorridentes, o mais simpáticos possível e minimamente ao corrente , como lhes competia.

Com efeito, não passa pela cabeça de ninguém que desconhecessem tudo sobre os treinos da selecção espanhola e não tivessem uma opinião sobre o assunto, como qualquer aficionado do chamado "desporto-rei".

Apesar do sangue real e da monarquia ser, formalmente, o regime em vigor, é o espírito democrático que prevalece. O facto dos reis serem considerados como qualquer um de nós e de se lhes exigir que partilhem dos nossos gostos é porque a fonte da sua legitimidade está no Povo, e não já em Deus, como no passado.

É evidente que o poder do Povo é sobretudo de ordem negativa. A democracia não é, nem poder ser, nas condições modernas, o governo pelo Povo. Mas basta-lhe que possa afastar os maus governantes, sem derramamento de sangue, como diz Karl Popper, para já ser considerado o menos mau dos regimes.

No entanto, essa limitação da democracia é agravada pela necessidade da adulação permanente do falso soberano.

E é por isso que a demagogia é incontornável, como agora se diz.

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