domingo, 25 de dezembro de 2011

O PRIMEIRO INDIVÍDUO


Ulisses e Polífemo


É quase sobre-humana esta capacidade de Ulisses. No momento do perigo, temos de confiar mais nos instintos, e a maior parte das vezes nem nos é dado o tempo de reflectir.

Ulisses prefere passar por cobarde, e preparar  as forças e os estratagemas. Nasceu para enganar os mais simples e ingénuos, como Polífemo.

O espírito retira-se para encontrar a ordem e a harmonia, o domínio da linguagem e da memória. Marvin Minsky diz que, no momento em que pensamos, não sabemos como pensamos  e, logo, que não se pode falar duma verdadeira consciência. A comparação com a máquina (embora mais complexa do que todas as que podemos construir) está sempre presente.

O certo é que a abertura ao mundo produz o efeito duma sobre-exposição fotográfica no pensamento "coincidente", o qual tende a transformar-se num epifenómeno dos sentidos. Só pensamos fora da experiência e depois dela (como a Minerva de Hegel).

Ulisses é o primeiro indivíduo (no sentido moderno), antes do individualismo.

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