domingo, 18 de dezembro de 2011

A HUMILDADE SOCRÁTICA


khaledallen.wordpress.com


"Se já sabes tudo, não fales,
 mantém-te em silêncio;
 se já sabes tudo, não ajas, mantém-te quieto."

"Uma viagem à Índia" (Gonçalo M. Tavares)




É o que diz a sabedoria antiga. E é como se só o erro e as paixões fossem combustível para o motor da história e para o destino da humanidade.

A planície onde se encontra Er, no mito de Platão, é o lugar onde tudo se repete, e as almas, de facto, não escolhem vida futura nenhuma. Quanto mais se conhece a trama em que nos enredamos, com mais razões nos deparamos para não agir e permanecer em silêncio. Só mesmo a ideia dum Deus pessoal, que acolhemos no segredo da intimidade, podia resolver este paradoxo de não sabermos nada e agirmos como se soubéssemos tudo.  

Não se pode viver, é certo, na quietude e na anulação de todas as nossas forças, enquanto elas existem.

Por isso, a história de S. Francisco ou a de Santo Agostinho são exemplares. Porque primeiro "erraram" abundantemente. E só depois encontraram a sabedoria.

A história de qualquer povo mostra-nos a "malha" em que esse povo é tecido e como a força das suas  ilusões é essencial para qualquer movimento.

A maior das astúcias da razão é a humildade socrática. Saber que não sabemos abre-nos o mundo.

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