sábado, 5 de novembro de 2011

O DIÁRIO DE ANNE FRANK

(George Stevens, 1959)



Oito pessoas encurraladas num anexo secreto, escondido atrás dum armário, por cima duma fábrica de pectina, e uma rapariga de 13 anos que descreve os seus sentimentos e a vida daquelas pessoas.

É, claro, a história de Anne Frank. George Stevens, o homem que filmou a vastidão do Texas ("Gigante"), está igualmente à vontade no "huis clos"  de Prinsengracht, numa Amsterdam ocupada, onde se refugia uma família de judeus e alguns amigos.

É, sem dúvida, virtude do texto, que exprime a vontade de viver da  jovem autora que todos, ao fim, sintamos que foi a vida que venceu aquele combate. Mas, no filme, a actriz ( Millie Perkins ) e o seu entusiasmo são essenciais. Stevens escolheu bem a última cena, quando o pai, libertado de Auschwitz volta a casa e encontra o célebre diário, e, perante a força daquela esperança e a inabalável fé na humanidade, se declara envergonhado. Envergonhado por ter deixado de crer, por ter sido vencido pelas provas.

Anne, como Etty Hillesum, uma compatriota que sofreu o mesmo destino, pertencem ao domínio da verdadeira religião, onde só o que é inspirador é relevante. E poucos são os exemplos, fora da santidade reconhecida, dum mito fundado nas confissões de alguém que mal conhecia o mundo...

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