quinta-feira, 16 de junho de 2011

TER VOZ NO CAPÍTULO



“’Ter voz no capítulo’ é uma expressão do mais elementar e do mais eficaz funcionamento democrático. Ao diluir as fraternidades particulares numa fraternidade universal, mais ninguém pôde ter “voz no capítulo”, porque não existe ‘capítulo universal’”

(Fr. Jean-Michel Potin in “Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ou a impossibilidade de ser filho”)



O ‘capítulo universal’ existe, mas a voz de cada um tornou-se estatística, o que é uma forma muito mais moderna de apurar a vontade do colectivo do que, por exemplo, o “centralismo democrático” teorizado no “Que fazer?” de Oulianov. Aqui, a discussão existe, mas de célula para célula vai-se tornando cada vez mais abstracta. Pode-se “ter voz no capítulo”, mas o partido tampouco é um capítulo universal, porque as ideias alternativas se perdem pelo caminho. Enquanto que o voto na moderna democracia faz abstracção de tudo o que torna o indivíduo social para fazer apelo à consciência isolada.

Parece evidente que a força deste regime está nos consensos que consegue gerar, os quais não são necessariamente articulados em opiniões políticas.

Há, todavia, um facto novo que pode pôr em causa esse consenso. É que um verdadeiro “capítulo universal”é cada vez mais possível, graças às redes de comunicação.

0 comentários: