quarta-feira, 29 de junho de 2011

O EXÍLIO

Golfo Zuiderzee

“Onde estava o isso passa a estar o eu.’Trata-se de um trabalho cultural como a drenagem do golfo Zuiderzee.’”

(Freud, citado por Hans-Martin Lohmann)



O eu é a perspectiva. Pensar sem perspectiva é um estado de graça. Mas que progresso, de facto, haver, em vez do nada, um sujeito!

Mas este eu parece-se muito com a ideia hegeliana da astúcia da Razão, ou com a da eficácia da inexistência dos deuses, de que fala Gonçalo Tavares. Corresponde a uma apropriação do mundo que nos desapropria. Pagamos um preço pelo nosso poder, o de compreender a natureza, como avatar do ser, e o de transformar o mundo, como meio de nos transformarmos a nós próprios. Esse preço é o exílio do que verdadeiramente somos.

E o mais urgente sempre foi viver a simultaneidade do ser e do exílio e o de encontrar um caminho de ida e volta.  

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