terça-feira, 23 de novembro de 2010

UM AI QUE ATÉ QUE SOA



Um amigo meu dizia que quando nos batem, e não podemos retorquir, ao menos podemos dizer ai.

Eu tenho lido o que se diz sobre a greve de amanhã e não vejo que a defendam de outro modo. Porque uns dizem que não serve de nada, mas mostra que estamos vivos, outros que se espera criar com ela uma dinâmica, como se o movimento pelo movimento fosse alguma saída, e até já ouvi um dirigente sindical admitir, por outras palavras, que a greve nos evitará uma explosão social, ao canalizar o descontentamento e a revolta, o que me parece mais próximo da verdade do que a esperança numa dinâmica cega.

Porque todos sabemos que o problema não é só do governo que temos, mas do leito de Procusta em que os credores e os maus parceiros da União Europeia querem que nos deitemos. E de como chegamos a este aperto é uma pergunta que, infelizmente, não devemos só dirigir aos governos e aos predadores estrangeiros e nacionais, como os do BPN e do BPP. Tem algo a ver connosco, mas, claro, não com os pobres dos pobres.

Tal como os países da UE que não sabem fazer a união e deixam que mande o mais forte, assim ou pior estão as forças sociais da Europa. Aquilo que poderia criar uma verdadeira dinâmica de mudança no sentido da integração e duma verdadeira estratégia económica e social está desarticulado e sem qualquer préstimo.

É por isso que a greve geral será sobretudo força de expressão, que nos deixará frustrados e prontos para o que vier a seguir, porque tudo ficou na mesma e vai ser preciso pagar ainda o país parado.

Vamos, quero crer, soltar um grande ai batendo em nós próprios, talvez com a remota esperança de que, como diz o secretário-geral da CES, que a greve  seja um sinal para a Europa dos trabalhadores…

Mas ninguém disse que a política era racional.


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